PDA realiza na FIEC curso para preparar empresas ao mercado internacional
O Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA), da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), promoveu na FIEC, de 14 a 16 de julho, o curso “Como preparar sua indústria para o mercado internacional”. Participaram da capacitação empresários associados dos sindicatos filiados à FIEC, além de empreendedores convidados. O curso foi ministrado pelo consultor e empresário, Sérgio Pereira, que fez um trabalho de educação executiva intenso com 8h de atividades. Os temas tratados foram: a importância do associativismo na inserção internacional, estratégias de internacionalização, novos movimentos de internacionalização, inovação, e competitividade internacional.
Sérgio explicou que exportar é sempre um bom negócio porque faz bem para a empresa, para o empresário e para o país. “A lista de benefícios é longa, mas posso resumir em sete itens: melhoria da imagem da empresa, melhoria de produtos e processos, maior e melhor acesso a recursos financeiros, diversificação de riscos, aumento de volume de vendas, redução da sazonalidade e melhores resultados financeiros”, diz.
O consultor explicou que muitas empresas não exportam porque o Brasil tem uma histórica tradição de dedicação ao mercado local e isso é difícil de mudar. “Depois de quase 30 anos lidando com empresas de diferentes tamanhos e setores, posso concluir que os empresários brasileiros não se entusiasmam com o mercado internacional porque acham que é difícil, caro e só as grandes empresas podem fazer esse movimento”, diz. Ele acrescenta que exportar é um trabalho diferente do que se faz no dia a dia dos negócios locais e exige preparo e estratégia focada. “Mas os resultados compensam”, afirma.
Sobre os passos que devem ser dados para que as empresas façam sua primeira exportação, ou continue investindo no mercado externo, Sérgio diz que, inicialmente, é preciso tomar a decisão de abraçar a causa. Ele ressalta que é preciso estar disposto a fazer parte de uma dinâmica de mercado envolvendo milhões de clientes, concorrentes e onde não há crise. “Fazer parte disso força empresários e executivos a repensar seus valores, suas habilidades e competências. Do produto à maneira como cobramos por uma venda, tudo tem que ser ajustado para uma realidade bem diferente da nossa”, aconselha.
Ele continua dizendo que depois da decisão é preciso avaliar se há condições de se movimentar em direção a esse mercado. “As condições vão desde o perfil do produto à estratégia de preço. E finalmente é preciso ser capaz de conduzir os negócios lá fora. Entra aí o papel da educação executiva”, ratifica.
Sérgio Pereira defende que os empresários devem buscar no associativismo uma forma de fortalecer seu setor de interesse e, assim, conseguir o apoio de órgãos de fomento, governos e demais entidades voltadas à cadeia da exportação. Veja a seguir o que o consultor destaca sobre o associativismo.
FIEC On-line - De que maneira o empresário pode relacionar o associativismo com as atividades de negócios internacionais?
Sérgio Pereira - De maneiras bastante práticas, eu diria. Mas é necessário entender as razões envolvidas. É preciso destacar e reforçar que os negócios internacionais têm efeito de extrema importância na vida de um país. Afetam todos. Desde o governo federal aos consumidores mais modestos. Afinal são quase 200 países, milhares de empresas que comercializam cerca de 19 trilhões de dólares todos os anos. Esses movimentos comerciais – muitas vezes agressivos - podem resvalar na vida e nos interesses de todos nós, brasileiros. Vamos usar esse fato para orientar o nosso raciocínio. Em tempos de crise é muito normal ouvirmos que empresas nacionais – destaque absoluto para as micro, pequenas e médias – estão sofrendo a ponto de fechar suas portas. Esse sofrimento não vem só das vendas magras. Também decorre da alta competição com os produtos importados. Essa competição – algumas vezes desleal – é um dos pontos de partida para uma firma atuação associativista.
FIEC On-line - E como isso se daria na prática?
Sérgio Pereira - Muito simples. Quem tem o poder de facilitar o ingresso de produtos no país - e ao mesmo tempo proteger a indústria nacional - é o governo federal. Por outro lado temos milhares de empresas em diversos setores espalhadas por todos os cantos desse enorme país. O trabalho é fazer com que o governo em Brasília escute a voz das empresas. Mas se estamos falando de micro e pequenas, esse trabalho não irá funcionar de forma individual. Só em grupo. E na prática o associativismo se dá através de representatividade, ou seja, empresas se organizam em tornos de sindicatos patronais. Por sua vez esses sindicatos levam as demandas empresariais para órgãos com capacidade de encaminha-las adiante. As Federações de Industria são o melhor exemplo. A partir das Federações as demandas são organizadas e chegam à CNI e depois ao governo.
FIEC On-line - Parece um processo longo e trabalhoso...
Sérgio Pereira - No início parece mesmo, Mas a prática leva ao estabelecimento de processos ágeis. E também é preciso haver mão de obra capacitada e lideranças com vis]ao clara sobre o tema.
FIEC On-line - É possível citar um exemplo?
Sérgio Pereira - Claro. O setor têxtil é um dos mais suscetíveis à agressiva competitividade internacional. Um setor que emprega muita gente, que está presente em todo o país, intensivo em mão de obra. De que modo um pequeno empresário de um município no interior do Ceará pode se defender da entrada de produtos asiáticos? Antes de mais nada é preciso entender que competição desleal internacional é um acumulo de fatores que vão desde preços desleais até subsídios oficiais no país de origem, passando por ausência de medidas regulatórias contra produtos fora de padrões mínimos de qualidade e segurança. O sindicato patronal do setor têxtil deve dimensionar o impacto causado na comunidade empresarial pela presença desleal internacional. Esse levantamento deve ser encaminhado à Federação do estado para que chegue à esfera nacional. A esse levantamento espera-se que outros se juntem formando um painel claro do impacto na vida de empresas e pessoas. É sobre esse impacto que o governo federal deverá trabalhar. As medidas para anular uma ação desleal de preços (tarifas anti dumping), evitar os subsídios oficiais de países fornecedores (medidas compensatórias) ou para dar condições de sobrevivência a um setor nacional (cláusulas de salvaguarda) serão avaliadas e aplicadas pelas esferas oficiais de Brasília. Trata-se de um processo complexo e técnico, mas que é bem conhecido e desempenhado por profissionais experientes. E que no final darão condições de sobrevivência às empresas nacionais. De qualquer porte!
FIEC On-line - Além desse exemplo que visa proteção de empresas e de setores produtivos, de outra maneira o associativismo pode ser entendido pelos empresários?
Sérgio Pereira - Basta olharmos para o outro lado. Vivemos tempos de escassos clientes e vendas baixas. No Brasil! Porque lá fora o mercado continua seu ritmo frenético. Empresários pequenos têm a percepção que não podem ou não conseguem colocar seus produtos lá fora. Isso é um engano. O trabalho associativo pode atuar como interlocutor para que haja simplificação dos processos, melhor acesso a ferramentas de alta competitividade internacional (frete internacional pago a prazo, seguro de crédito mais acessível). Também pode pressionar por mais acordos comerciais e por mais recursos canalizados para as vendas brasileiras.